Neste Dia da Mulher, já esperava ver uma série de declaradas feministas, nacionais e internacionais, a aproveitar a ocasião para elevarem as suas causas, partilhar uma série de pensamentos sensacionalistas e tentar levar atrás delas um verdadeiro exército de mulheres. Assim foi e aos poucos estão a consegui-lo: conquistar o tal exército, mas, ao mesmo tempo, e a longo-prazo, também perder o respeito alheio.

Sou mulher. Dou imenso valor a todos os direitos por que tantas mulheres lutaram e conquistaram ao longo da história, de todas as batalhas pela merecida igualdade, do tratamento como “seres iguais” a nível de sociedade. Mas isso não faz de mim feminista. Não acho, de todo, que as mulheres sejam iguais aos homens, que sejam feitas da mesma matéria, que “funcionem” de forma semelhante, que tenham de ter regras idênticas. Se o machismo é considerado uma coisa tão feia e tão condenável, porque estamos a aplaudir e cada vez mais a abrir caminho a um cortante feminismo?

 

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O problema aqui não é que as mulheres se unam, se ajudem entre si, se apoiem e reciprocamente se elevem. Isso até deveria existir desde sempre, coisa mais bonita e inspiradora de se ver. O problema é que esta moda do feminismo se está a tornar numa guerra aberta à sociedade, numa revolta contra os homens, na única razão de viver de muita mulher que anda por aí. Isto fará algum sentido? Terá alguma base lógica que não a revolta pura? A mim parece-me tudo bastante exagerado – e coisa de quem não tem muito mais para fazer. E espero hoje não ser mal compreendida nem tramada pela minha sinceridade.

Eu pessoalmente nunca senti na pele qualquer tipo de discriminação por género, embora entenda perfeitamente que possa existir. No entanto, acho que se exagera muito nesta área, que nem tudo é discriminação e que por vezes este complexo de inferioridade por parte das mulheres leva-as a acreditar que estão a ser excluídas por uma questão de género. Esse complexo de inferioridade também retira auto-estima e, por compensação, cultiva na mulher um lado agressivo – que não só lhe fica muito mal, como lhe fecha, efetivamente, muitas portas. E sim, acho mesmo que esta questão do feminismo se resume a um enorme complexo de inferioridade, infelizmente. Como em todas as classes mais fracas, existe a união para a revolta e para a chamada de atenção. As mulheres, ao quererem isolar-se e afirmar-se pelo género, estão automaticamente a colocar-se nessa posição de classe fraca.

Queremos igualdade, mas precisamos de um dia para celebrar o Dia da Mulher. É mesmo necessário? Porquê, então, se somos todos iguais? Queremos igualdade, mas criamos instituições e eventos de empowerment exclusivos, fechados a mulheres. Criamos “empreendedorismo no feminino” ou toda uma série de iniciativas em cor de rosa, fechadas só para mulheres. Imaginem só que agora os homens criavam também um “empreendedorismo no masculino” – seria logo o fim do mundo! Assim já percebem melhor porque é descabido? Porque não faz sentido? Porque afinal não somos todos iguais? A mulher quer mostrar que é fortíssima, dura e implacável nas horas, no entanto quer continuar a ser protegida e mimada como ser frágil e especial que é… Um paradoxo forçado que nunca poderá alcançar um equilíbrio. Vamos começar a aceitar as coisas na sua naturalidade?

 

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Acho mesmo que as mulheres andam a atropelar o ser mágico que são, a confundir tudo, a estragar tudo. O que penso da Mulher é que representa exatamente um ser frágil, mas em tantas, tantas coisas, mais forte que os homens (e eles sabem muito bem disso); mais emocional, afetiva, mas também inconstante; mais sonhadora e implacável na hora de correr atrás dos objetivos; intuitiva, perspicaz, dotada do exclusivo sexto sentido; tem melhor sentido de orientação, mais atenção ao pormenor e melhores capacidades de multitasking; maternal e única na arte de cuidar; mais bonita, muito mais bonita, estética, artística, inspiradora. No entanto, os homens também têm os seus grandes pontos fortes e não é por isso que criam movimentos machistas para se promoverem.

É óbvio que existem os eternos machistas (tal como há mulheres que não prestam), mas felizmente a maioria dos nossos homens ainda é sensível o suficiente para apreciar o ser belo que a mulher é e mostrar-lhe tantas vezes esse reconhecimento. Tantas vezes sabem mostrar como nós somos importantes para eles e para o mundo, como geramos vida, como nascemos providas desse milagre, como somos o melhor e mais bonito do universo! Por isso, e por tanto mais, não é tão bom continuarmos a ser mulheres, a conquistar o mundo com tudo de bom que isso inclui?

Somos todos diferentes, devemos aceitar isso e ninguém deve lutar para se sobrepor a ninguém. Temos, isso sim, de nos apoiar mutuamente, cultivar a diferença e admitir os nossos fracassos enquanto apostamos tudo nos nossos fortes, pois só isso nos leva mais longe! Não é de costas voltadas ou a medir forças que se conquista o mundo, por isso vamos, mulheres e homens, aumentar as doses de compreensão mútua, fazer maravilhosas sinergias e, aos poucos, cultivar um mundo em que haja muito menos barreiras e cada vez mais amor.