Estão prestes a estragar o melhor do Instagram: sabermos que chegamos lá e vemos tudo o que gostamos, sem perder pitada do que escolhemos seguir. Houve alturas em que me convenci de que aquela rede social é que era; era “o meu cantinho”, super fiel a si própria, e nunca iria mudar. Afinal vou ter encarar a realidade e aceitar as novidades, porque o dinheiro acaba sempre por falar mais alto.

Sei que é o rumo natural das coisas e no meu inconsciente até sabia que algum dia o Instagram ia começar a selecionar o que chega até nós, mas acho que imaginava isso sempre para “o futuro” e não estava preparada para ficar já sem a minha organização das coisas. Ou seja, a confiança que tenho no meu feed de atualizações.

Para quem estiver descontextualizado, porque a notícia é recente, o Instagram anunciou que as publicações que vemos poderão começar a ser selecionadas por eles, de acordo com os que é mais popular ou com o que os seus algoritmos determinam que será mais importante para nós. Desde que saiu a notícia, o caos espalhou-se na Internet e é ver petições dos utilizadores e posts virais a aparecer por todas as redes sociais – incluindo no próprio Instagram.

Se no Facebook esta medida foi uma transição natural – porque o excesso de informação e de marcas a querer lutar pela nossa atenção era óbvio -, eu desta vez acho que a nossa relação com a rede social vai sair alterada. Penso que o Instagram tem um conceito muito próprio, aquele conceito específico que nos permite que sejamos nós próprios a determinar o nosso feed, escolher as nossas atualizações, somos nós que estamos no comando, gerimos tudo à nossa imagem. Não sentem isto? Pelo menos, é a minha descrição pessoal, a perceção que tenho da marca e o que me leva ao Instagram diariamente. E o que me leva lá com tanta frequência é exatamente o que eles vão quebrar. Esse “acordo invisível” com os fiéis consumidores da marca. Isto é eliminar o ponto forte e absolutamente distintivo da marca em relação a tudo o resto, o que naturalmente significa um tiro no pé, mas eles devem ter os seus motivos muito fortes e altamente compensadores – nomeadamente, a recompensa financeira, que sempre prevalece.

 

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É interessante ver que todos os grandes negócios atualmente começam a decair, em geral, de forma igual. Fica fácil de prevermos, mesmo enquanto consumidores, o seu auge, o ponto de inflexão e o início do declínio. É fácil renderem-se às tentações financeiras, tendo em conta que, com milhões e milhões de utilizadores, quaisquer destas pequenas mudanças criam um impacto bilionário nos respetivos negócios.

É ainda mais interessante que estes acontecimentos da Internet justifiquem cada vez mais o que estamos a fazer com o nosso projeto. É fascinante ver que estamos mesmo no caminho certo, a criar o que os grandes todos os dias, mesmo que sem querer, destroem. Estamos exatamente a dar vida àquilo que o utilizador comum tanto procura, sem nunca sair desapontado. Sei que é fácil jurar a pés juntos que nunca nos renderemos ao dinheiro e que os interesses dos utilizadores sempre prevalecerão, sei que parece ilusório, mas tenho a certeza de que ambos na nossa empresa defenderemos isso até ao fim – e é esse o grande fator distintivo de tudo o resto que existe. É essa entrega que nos alimenta a motivação na nossa luta diária!

Quanto ao Instagram, resta-nos esperar que as petições, no mínimo, atrasem um pouco esta decisão inevitável. Eu pessoalmente não tenho qualquer esperança nisso e prevejo a minha relação com a rede social a sofrer muito com as alterações… Para grande pena minha.